É preciso apontar onde existe racismo e não camuflar as atitudes racistas como pequenos tropeços.
Em entrevista à BBC Brasil, o sociólogo da UNB Emerson Rocha, que desenvolveu um estudo com base em dados do IBGE sobre o negro no mundo dos ricos, aponta que à medida que os negros ascendem, novas formas de discriminação vão ganhando espaço. Segundo ele, por mais que seja diplomado e tenha uma carreira estruturada, ele sempre será um negro – talvez de primeira linha, mas ainda assim um negro. Situação que fica evidente com a declaração do ministro Barroso.
Sabemos das dificuldades no mercado de trabalho e no meio acadêmico. Por mais que o percentual de negros nas universidade tenha dobrado, graças a políticas afirmativas como as cotas e o ProUni, ele continua sendo menor que a metade de brancos universitários. O negro continua ganhando menos. A renda do branco é mais que o dobro que a do negro. Esse retrato se dá exatamente por conta desse racismo inconsciente e sutil manifestado por Barroso.
Por conta disso, é preciso mostrar onde existe racismo e não camuflar as atitudes racistas como pequenos tropeços. Mesmo que vindo de pessoas que majoritariamente apresentam um discurso progressista como o ministro Barroso ou no recente caso envolvendo a professora escritora Elika Takimoto e a política de cotas no Cefet. Apontar todo e qualquer racismo é um movimento necessário para enfrentá-lo em uma sociedade que insiste em negá-lo.
Fonte: The Intercept